domingo, outubro 23, 2005

Desabafo do referendo

Porque votei SIM
Sei que já não vale mais nada, mas estou com vontade de desabafar.
Compreendo plenamente que votar Sim no Desarmamento soa um tanto quanto utópico, diante do argumento de que nada vai mudar. Mas é preciso ter em que acreditar, um rumo a se mirar, a se almejar e a se lutar.
Mas a questão é justamente essa. É um círculo vicioso. As pessoas estão descrentes, e, por assim ser, se acomodam. Acomodando não lutam, não cobram. Apenas deixam como está. Acreditam na idéia de olho por olho, dente por dente. Acreditam que são capazes de sua própria segurança. Ah que balela.
A apatia cotidiana de todos nós, faz também com que o governo se acomode. Sabe, na verdade, parece que as pessoas não querem ver as coisas mudarem.. É assim que sinto.
Os argumentos do Não foi o que já vi de mais imoral na minha vida. Negam o Estado, presam o individualismo acima de tudo, reveleando-se extremamente egoístas. Não é qualquer um que pode ter uma arma, não. Precisa-se de dinheiro. Bom os ricos se armam.. os ladrões continuam a roubá-los.. e quem se fode? Os pobres é claro.
Acredito que os argumentos contra o Desarmamento foram uma afronta à questão da essencialidade humana. Imoral. Discursos inebriantes (no pior sentido), calcados em uma falsa idéia de liberdade. E a minha liberdade de matar? Sabe, parece um bando de adolescente lutando por uma liberdade fajuta. Vocês foram enganados... só digo isso. Sentem-se como se estivessem sendo lesados... "nossa, o nosso o direito de ter uma arma está sendo questionado."
Parecem uns revoltados sem causa. Bem.. é assim que penso. Era uma chance de podermos lutar por uma sociedade melhor. Não sou ingênua de achar que isso resolve. Mas vejo que poderia ser um passo. E como diz minha amiga Talytta "Eu acredito na paz" e não basta pensar a curto prazo " é preciso pensar a longo". É preciso acreditar e querer que de fato mude. Mas vão lá... viva o egoísmo.
Desculpem-me qualquer coisa. Mas só queria ter uma esperança.

Mais um dia

Há dias em que tudo parece fazer sentido.
Mas você continua a se indagar sobre o porquê da apatia.
E tudo é tão leve.
Isuportávelmente.
Basta abrir os olhos.
Repete-se.
E som que não se quer escutar, atormenta.
Senta-se na praça e silencia-se para os passáros.
Repensa.
Erros. Não cometê-los novamente. Crie novos.
Mais um dia se foi.
Contando horas. Mas uma vez parou o dia para pensar.

terça-feira, outubro 11, 2005

Por que votar SIM

A campanha do desarmamento, acredito sim, ser muito válida. Muitos são os argumentos de ambos os lados. Apesar de entender que aqueles que votarão Não têm suas razões, e estas são extremamente válidas, ainda assim, creio que o Sim apresenta mais vantagens. Só o fato de poupar vidas já seria um ponto de destaque. Pois muito se sabe que desde que a campanha do desarmamento iniciou alguns resultados positivos já foram computados. De acordo com reportagem do dia 9/10/05 da Folha de SP, “o Ministério da Saúde informa que os homicídios por armas de fogo caíram 8,2% em 2004 em relação a 2003. Foram de 39.325 assassinatos em 2003 para 36.091 no ano seguinte. É a primeira queda nesse indicador desde 1992. Reforça a sugestão de que o desarmamento teve impacto na baixa dos homicídios o fato de que, nos Estados em que a taxa de recolhimento de armas foi alta (mais de 150 para cada 100 mil habitantes), o recuo médio do índice de mortalidade foi de 14,5%. Nas unidades em que a coleta foi baixa, a redução média foi de 2%.A esse respeito, a campanha do desarmamento, que recolheu mais de meio milhão de armas, já produziu importantes resultados.”
Dentre os argumentos de quem votará Não está a idéia de que ao proibir o comércio de armas estará, desta forma, contribuindo para “desequilibrar ainda mais o balanço de forças entre as pessoas comuns e os bandidos – a favor dos bandidos” (Veja). Mas cabe ao cidadão de bem combater o bandido face-a-face? É tendo uma arma que esse cidadão conseguirá vencer o banditismo? Ah francamente, esse é um argumento muito infantil.
No site Duplipensar (http://www.duplipensar.net/dossies/2005-Q4/desarmamento-duplo-assassinato.html) há um artigo como contra-argumento da famosa reportagem da Revista Veja sobre as 7 razões para se votar Não (http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=politica&artigo=desarmamento&lang=bra ). Peço licença para transpor alguns pontos aqui. “Quarto argumento. “A Polícia brasileira é incapaz de garantir a segurança dos cidadãos”. Moral da história? Faça você mesmo a sua lei. Bang-bang. Sexto argumento. “Obviamente, os criminosos não vão obedecer à proibição do comércio de armas.” Este é relevante! Já notaram a preocupação recorrente com a vida dos criminosos? Coisa estranha...”
Há também como apelo para o Não a questão dos proprietários de terras e dos que utilizam a arma para a prática de esportes. Em ambos os casos o referendo não proíbe, desde que tudo esteja dentro das exigências.
Quantas vezes também não se ouviram dizer que já que se vão proibir as armas deveriam também proibir os automóveis. Convenhamos... Carros não foram criados para matar, mas sim para transportar. Agora armas eu não consigo ver outra função.
Tem também o argumento que estarão tolhendo a liberdade, revogando um direito. Mas liberdade? Que liberdade é essa em que alguns possam ter uma arma e se sentirem no direito de tirar a vida de uma outra pessoa?
Proibir o comércio de armas não levará nenhuma fábrica à falência e nem milhares de pessoas ao desemprego, uma vez que a segurança pública continuará se abastecendo de armamentos. Esse também não é um argumento cabível.
Em uma reportagem na Agência Carta Maior “Marcos Rolim oferece uma importante contribuição sobre esse debate, constituindo-se em leitura obrigatória. Partidário do “sim”, o autor reconhece que qualquer política de controle de armas não constitui, em si mesma, resposta suficiente ao fenômeno moderno da violência, mas representa uma importante medida na luta contra a violência e a criminalidade.” (Ver mais em: http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?coluna=reportagens&id=3562 )
Sei que essa campanha do desarmamento é na verdade um referendo contra o comércio de armas. Também compreendo que somente proibir o comércio não será suficiente para se construir uma chamada cultura de paz e não violência no Brasil. Contudo, faz-se urgente tomar atitudes, e essa já seria um primeiro passo. A segurança pública é dever do Estado, com a vitória do Sim os cidadãos poderão cobrar com mais veemência dos governantes, impedindo assim que fique aquele jogo de bate volta, culpando sempre essa questão, a de a sociedade civil possuir armas. E o fato de se poder cobrar é, para mim, o principal argumento para se votar Sim no dia 23 de outubro. O problema da criminalidade de um país vai muito além dessa questão de porte de armas. Mas parece que não querem ver.

sábado, outubro 08, 2005

When I was a little girl....

Que dia mais comum!!!
O comum me entedia... Somente hoje fui capaz de negar dois convites. Sem nenhuma razão cabível. Um show, uma reunião entre amigos nada fez com que me animasse.
Preferi permanecer imersa no usual. Mas em instantes sei que inrromperá em mim uma ânsia incontrolável do desconforto. Já percebi que o tédio acomoda. Odeio esse comodismo banal e corriqueiro.
Estou com um forte desejo de estar sozinha em um local pequeno, talvez dentro de dois quadrados conexos. Pode estar escuro também. Não tenho medo do escuro. Mas tenho pavor do silêncio. Por isso imploro que haja música.
As paredes do local serão um imenso quadro-negro. Ao meu dispor terei giz branco. Escreverei quando estiver a fim e sobre o que desejar. Mas estará escuro. Ainda bem. Atormentaria-me observar meus escritos.
Minha tortura: A cada 1 minuto sobre o local incidirá uma luz, mas não será branca... a luz será de uma cor qualquer. De minuto a minuto meus devaneios serão iluminados por uma cor específica. Saberei da minha dor, do meu amor, do meu desprezo, enfim... do meu peso.
E quando o silêncio se fizer presente saberei dos meus dias de glória, tão raros como os segundos do fim.
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Mas um poema da Hilda Hilst
Na moldura, no esquadro


Inalteráveis
Passado e sentimento.

Dos dois contemplo
Rigor e fixidez.
Passado e sentimento
Me contemplam

Arduidade nas caras
Rigor no teorema

Tento apagar
Atos, postura. Revivem.
Irremovíveis, vítreos.

Incorporam-se para sempre
À eternidade de meu espírito
.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Macarena - Chile

Vagando pela tecla Next Blog muitas vezes me deparo com blogs interessantes.
Eis um!!!
É um blog em espanhol, mas é muito bacana a maneira de escrever e de dispor as palavras.
Vale a pena conferir.

quinta-feira, outubro 06, 2005

Gostosa Paixão

Essa noite soa muito calma. Estou consideravelmente cansada. Mas não consigo dormir. Já pesquisei as leis que cairão no concurso. Já atualizei flogs, limpei emails, respondi scraps. Nada mais tenho a fazer.
Escuto agora Fiona Apple. Penso em você.
Você que nem se quer sabe que eu existo. Que tão pouco imagina por onde meus pensamentos vagueiam. Mas gosto desse amor clandestino. Uma vida em aventura. Estratagemas do dia-a-dia para te conquistar. Sigo e procuro-te. Condiciono-me à sua presença. Tentei criar um panóptico e manter-te ao alcance de meus olhos. Mas vigiar-te seria intolerável. Contento-me, assim, com a surpresa do encontro.
Engraçado isso de se apaixonar sem se querer. Sei que isso é o que mais normalmente acontece. Porém, sem querer e porque quem sobre nada se sabe, já não é assim tão usual.
Uma noite qualquer, em um lugar comum... Atos sobre intenso controle. Cruzam-se os olhares. O meu fixa, o seu dispersa. Mas por alguns segundos seus olhos estiveram dentro dos meus. Contudo, não fui astuta o necessário para mantê-los. Mas toda a força de um olhar, o jeito singelo de articular e a maneira de dançar foram capazes de me prender.
Paixão platônica, à primeira vista se dispersa com o vento. Estou ciente dessa fugacidade. Como o vento delicio-me no frescor do instante. Isso me basta, por agora.

“Farsa contínua! A minha inocência me faria chorar. A vida é a farsa a ser levada por todos.”

Rimbaud

Algo para não ser levado a sério

Estou com insônia. Escuto Chopin neste instante. Estava louca por comida, mas decidi me conter, satisfazendo-me com a metade de um pão com manteiga. Resolvi deixar a pizza para amanhã.
Em falar em amanhã, será que posso esperar algo? Será que alguma coisa vai fazer sentido e diferença?
Alguns diriam - " Se não tem nada para escrever, não escreve". Mas eu quero... e afinal isso aqui é meu... Você não é obrigado a ler.
Está certo. Eu confesso. Estou um pouco chata hoje. Desculpe-me. Mas isso passa. E por mais que pareça conformismo.. dias melhores hão de vir.
...
Mas um poema de Hilda Hilt... pelo menos assim alguma coisa vale a pena nesse post.
Tens a medida do imenso?
Contas o infinito?
E quantas gotas de sangue
Pretendes
Desta amorosa ferida
De tão delatada fome

Tens a medida do sonho?
Tens o número do tempo?
Como hei de saber do extenso
De um ódio-amor que percorre furioso
Passadas dentro do vento?

Sabes ainda meu nome?
Fome. De mim na tua vida.

segunda-feira, outubro 03, 2005

Paixão Anormal


Há dias que estou com essa música do Pato Fu na cabeça.
Não sei porque razão, mas essa canção me causa uma deliciosa sensação de conforto.
Talvez eu até saiba... mas é algo que me provoca certo constrangimento. Isso porque, de uma maneira pouco usual, deparo-me com situações um tanto quanto embaraçosas. Situações que me fogem ao controle, que me ocorrem sem maiores razões e que de uma forma incrível são capazes de me modificar consideravelmente.
Sina.
Destino.
Ao certo não tenho as respostas.. mas sobressaem os sentimentos... S-E-N-S-A-Ç-Õ-E-S
Frio na barriga!!! Vergonha!!! Fuga de Palavras!!! Vermelhidões!!! Excesso de palavras!!!
Paixão...É exatamente a palavra.
Mas uma paixão inexplicável... Bizarra e com nenhum sentido e nenhuma possibilidade de compreensão.
Como tudo começou é o que mais me pergunto. Mas acredito que como primeiro culpado coloco os OLHOS...
Ou melhor.. Os ombros... Meus olhos... nos seus ombros.


Anormal
Pato Fu

Composição: John

Rádio ligado
Troco estações porque
Não sei o som que você
Pode odiar

No supermercado
Eu tento escolher
O mesmo sabor que você
Deve gostar

Se é que conheço você
Só de te observar
Posso apostar que não vai
Me decepcionar

Mas que anormal
Eu devo ser
Pra ver você
Em todo lugar

Dentro do quarto
Vejo comerciais
Qual vai te convencer
Que ainda estou lá

No supermercado
Tentando escolher
O mesmo sabor que você
Deve gostar