sexta-feira, julho 22, 2005

Homens e mulheres

Há algo mais revoltante do que a frase: " A sociedade é machista, e isso me convém" sendo proferida pela boca de um homem...
Desde que ouvi um amigo meu pronunciar tamanha balburdia, as questões de gêneros não me foram as mesmas. Até, então, ausentei-me em minha vida do envolvimento com questões como estas. Sempre abominei o machismo, mas nunca o combati com veemência.
Contudo a pronúncia de tal frase provocou-me, fazendo com que o feminismo latente em mim despertasse com uma ânsia profunda de modificação. Abdiquei-me da letargia que me dominava e optei por não mais aceitar atitudes como aquela. Compreendo claramente que a discussão com pessoas que partilham junto ao meu amigo desses machismo não me seria favoráveis, e na verdade, representaria algo muito desgastante e sem maiores resultados.
Era necessário, e ainda o é, que eu sistematizasse e procurasse expremir minha indignação de forma a surtir efeitos, e não de maneira a fixar mais ainda esse discurso preconceituoso que a muito envolve as questões de gênero.
Desde desse dia estou a sim a buscar algo que me encouraja a lutar. Não busque verdades e nem certezas, mas sim meios, pois certezas e verdades são valores alocados na Grande Mente de cada um. A mudança se faz pelos meios...pela desconstrução...
É preciso um feminismo engajado, e não deturpado que só queiria encarar o homem de maneira pejorativa.

Homens e mulheres são antes de qualquer coisa seres humanos...

quinta-feira, julho 21, 2005

Sobre a Metafisica

Contexto histórico do termo "metafísica"

Ele foi colocado em circulação pouco depois da morte de Aristóteles (322/21 a.C.), ou seja, em uma época onde a filosofia começava a institucionalizar seu ensino sobe a forma de diferentes "academias". De onde vem a necessidade de reagrupar em manuais o saber filosófico acumulado até então. Começa então uma primeira divisão das tarefas no interior do campo filosófico, que tomará rapidamente um valor canônico.
MétaphysiqueAutor: J. GreischReferências: Etre et langage, I pp.7-9Site: PhiloNet
Esta divisão segundo o próprio Greisch faz com que a filosofia seja vista por três ângulos específicos, o da physis (epistemè physikè), o do ethos (epistemè ethikè) e o do logos (epistemè logikè). O da physis compreenderia a sabedoria sobre o aspecto "natural" da realidade, que independeria da intervenção humana. Já o ethos revelaria um saber sobre o que é próprio do agir humano, denunciando assim uma visão dos comportamentos e da "cultura". E o logos seria o saber sobre a forma do discurso, como uma teoria do discurso ou da dialética. Mas onde colocar o que Aristóteles chamava "filosofia primeira", ou, mais precisamente, os livros correspondentes a esta sabedoria que transbordavam tal sistematização? Andrônicos de Rhodes resolveu a questão colocando a obra de aristóteles referente a este assunto logo após a obra que discursava sobre a physis, com a qual a "filosofia primeira" de Aristóteles mantinha um certo parentesco. Esta parte da obra do grande mestre grego foi então chamada de ta meta ta physika, expressão grega de onde se origina o termo "metafísica".
Etimologia do termo "metafísica"
A palavra metafísica foi empregada pela primeira vez por Andrônico de Rodes, por volta do ano 50 a.C., quando recolheu e classificou as obras de Aristóteles que, durante muitos séculos, haviam ficado dispersas e perdidas. Com essa palavra – ta meta ta physika -, o organizador dos textos aristotélicos indicava um conjunto de escritos que, em sua classificação, localizavam-se após os tratados sobre a física ou sobre a Natureza, pois a palavra grega meta quer dizer: depois de, após, acima de. Ta: aqueles; meta: após, depois; ta physika: aqueles da física. Assim, a expressão ta meta ta physika significa literalmente: aqueles [escritos] que estão [catalogados] após os [escritos] da física. Ora, tais escritos haviam recebido uma designação por parte do próprio Aristóteles, quando este definira o assunto de que tratavam: são os escritos da Filosofia Primeira, cujo tema é o estudo do “ser enquanto ser”. Desse modo, o que Aristóteles chamou de Filosofia Primeira passou a ser designado como metafísica.
Convite à FilosofiaAutor: Marilena CHAUÍ

quarta-feira, julho 20, 2005

DESÂNIMO

Álvares de Azevedo
DESÂNIMO


Estou agora triste.
Há nesta vidaPáginas torvas que se não apagam,
Nódoas que não se lavam... se esquecê-las
De todo não é dado a quem padece...
Ao menos resta ao sonhador consolo
No imaginar dos sonhos de mancebo!
Oh! voltai uma vez! eu sofro tanto!
Meus sonhos, consolai-me! distraí-me!
Anjos das ilusões, as asas brancas
As névoas puras, que outro sol matiza.
Abri ante meus olhos que abraseiam
E lágrimas não tem que a dor do peito
Transbordem um momento...
E tu, imagem,
Ilusão de mulher, querido sonho,
Na hora derradeira, vem sentar-te,
Pensativa e saudosa no meu leito!
O que sofres? que dor desconhecida
Inunda de palor teu rosto virgem?
Por que tu’alma dobra taciturna,
Como um lírio a um bafo d’infortúnio?
Por que tão melancólica suspiras?
Ilusão, ideal, a ti meus sonhos,
Como os cantos a Deus se erguem gemendo!
Por ti meu pobre coração palpita...
Eu sofro tanto! meus exaustos dias
Não sei por que logo ao nascer manchou-os
De negra profecia um Deus irado.
Outros meu fado invejam...
Que loucura!
Que valem as ridículas vaidades
De uma vida opulenta, os falsos mimos
De gente que não ama?
Até o gênio
Que Deus lançou-me à doentia fronte,
Qual semente perdida num rochedo,
Tudo isso que vale, se padeço!
Nessas horas talvez em mim não pensas:
Pousas sombria a desmaiada face
Na doce mão e pendes-te sonhando
No teu mundo ideal de fantasia...
Se meu orgulho, que fraqueia agora,
Pudesse crer que ao pobre desditoso
Sagravas uma idéia, uma saudade...
Eu seria um instante venturoso!
Mas não... ali no baile fascinante,
Na alegria brutal da noite ardente,
No sorriso ebrioso e tresloucado
Daqueles homens que, pra rir um pouco,
Encobrem sob a máscara o semblante,
Tu não pensas em mim.
Na tua idéia
Se minha imagem retratou-se um dia
Foi como a estrela peregrina e pálida
Sobre a face de um lago...

domingo, julho 17, 2005

Por tempo indeterminado


Por tempo indeterminado não mais determinarei o porque de cada fato.
Por tempo indeterminado não dareia razões para todos os meus atos, mesmo os sem razões aparentes.
Por tempo indeterminado não buscarei respostas, mesmo que essas me cheguem facilmente e claramente. Prometo ignorá-las.
Por tempo indeterminado não ditarei regras costumeiros do dever ser e do dever ter, mesmo que a mim as consequências de tais atitudes me estrangulem a patética imagem que por 22 anos tenho criado acerca da estapafúdia realidade da qual não vivo, sobrevivo, ou seria subvivo, desvivo....
Por tempo indeterminado deixarei-me de importar com tudo que um dia acreditei ser importante, magoarei e ferirei, não com esse propósito, mas como uma desculpa covarde de que tudo tem que ser assim.
Por tempo indeterminado estarei muito menos preparada para o dia-a-dia, e essa estúpida idéia de costumeiro cotidiano, mesmo que me deprima estar só.
Por tempo indeterminado estarei distante...longe em alguma Infinita Highway...