terça-feira, outubro 11, 2005

Por que votar SIM

A campanha do desarmamento, acredito sim, ser muito válida. Muitos são os argumentos de ambos os lados. Apesar de entender que aqueles que votarão Não têm suas razões, e estas são extremamente válidas, ainda assim, creio que o Sim apresenta mais vantagens. Só o fato de poupar vidas já seria um ponto de destaque. Pois muito se sabe que desde que a campanha do desarmamento iniciou alguns resultados positivos já foram computados. De acordo com reportagem do dia 9/10/05 da Folha de SP, “o Ministério da Saúde informa que os homicídios por armas de fogo caíram 8,2% em 2004 em relação a 2003. Foram de 39.325 assassinatos em 2003 para 36.091 no ano seguinte. É a primeira queda nesse indicador desde 1992. Reforça a sugestão de que o desarmamento teve impacto na baixa dos homicídios o fato de que, nos Estados em que a taxa de recolhimento de armas foi alta (mais de 150 para cada 100 mil habitantes), o recuo médio do índice de mortalidade foi de 14,5%. Nas unidades em que a coleta foi baixa, a redução média foi de 2%.A esse respeito, a campanha do desarmamento, que recolheu mais de meio milhão de armas, já produziu importantes resultados.”
Dentre os argumentos de quem votará Não está a idéia de que ao proibir o comércio de armas estará, desta forma, contribuindo para “desequilibrar ainda mais o balanço de forças entre as pessoas comuns e os bandidos – a favor dos bandidos” (Veja). Mas cabe ao cidadão de bem combater o bandido face-a-face? É tendo uma arma que esse cidadão conseguirá vencer o banditismo? Ah francamente, esse é um argumento muito infantil.
No site Duplipensar (http://www.duplipensar.net/dossies/2005-Q4/desarmamento-duplo-assassinato.html) há um artigo como contra-argumento da famosa reportagem da Revista Veja sobre as 7 razões para se votar Não (http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=politica&artigo=desarmamento&lang=bra ). Peço licença para transpor alguns pontos aqui. “Quarto argumento. “A Polícia brasileira é incapaz de garantir a segurança dos cidadãos”. Moral da história? Faça você mesmo a sua lei. Bang-bang. Sexto argumento. “Obviamente, os criminosos não vão obedecer à proibição do comércio de armas.” Este é relevante! Já notaram a preocupação recorrente com a vida dos criminosos? Coisa estranha...”
Há também como apelo para o Não a questão dos proprietários de terras e dos que utilizam a arma para a prática de esportes. Em ambos os casos o referendo não proíbe, desde que tudo esteja dentro das exigências.
Quantas vezes também não se ouviram dizer que já que se vão proibir as armas deveriam também proibir os automóveis. Convenhamos... Carros não foram criados para matar, mas sim para transportar. Agora armas eu não consigo ver outra função.
Tem também o argumento que estarão tolhendo a liberdade, revogando um direito. Mas liberdade? Que liberdade é essa em que alguns possam ter uma arma e se sentirem no direito de tirar a vida de uma outra pessoa?
Proibir o comércio de armas não levará nenhuma fábrica à falência e nem milhares de pessoas ao desemprego, uma vez que a segurança pública continuará se abastecendo de armamentos. Esse também não é um argumento cabível.
Em uma reportagem na Agência Carta Maior “Marcos Rolim oferece uma importante contribuição sobre esse debate, constituindo-se em leitura obrigatória. Partidário do “sim”, o autor reconhece que qualquer política de controle de armas não constitui, em si mesma, resposta suficiente ao fenômeno moderno da violência, mas representa uma importante medida na luta contra a violência e a criminalidade.” (Ver mais em: http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?coluna=reportagens&id=3562 )
Sei que essa campanha do desarmamento é na verdade um referendo contra o comércio de armas. Também compreendo que somente proibir o comércio não será suficiente para se construir uma chamada cultura de paz e não violência no Brasil. Contudo, faz-se urgente tomar atitudes, e essa já seria um primeiro passo. A segurança pública é dever do Estado, com a vitória do Sim os cidadãos poderão cobrar com mais veemência dos governantes, impedindo assim que fique aquele jogo de bate volta, culpando sempre essa questão, a de a sociedade civil possuir armas. E o fato de se poder cobrar é, para mim, o principal argumento para se votar Sim no dia 23 de outubro. O problema da criminalidade de um país vai muito além dessa questão de porte de armas. Mas parece que não querem ver.

Nenhum comentário: