quinta-feira, outubro 06, 2005

Gostosa Paixão

Essa noite soa muito calma. Estou consideravelmente cansada. Mas não consigo dormir. Já pesquisei as leis que cairão no concurso. Já atualizei flogs, limpei emails, respondi scraps. Nada mais tenho a fazer.
Escuto agora Fiona Apple. Penso em você.
Você que nem se quer sabe que eu existo. Que tão pouco imagina por onde meus pensamentos vagueiam. Mas gosto desse amor clandestino. Uma vida em aventura. Estratagemas do dia-a-dia para te conquistar. Sigo e procuro-te. Condiciono-me à sua presença. Tentei criar um panóptico e manter-te ao alcance de meus olhos. Mas vigiar-te seria intolerável. Contento-me, assim, com a surpresa do encontro.
Engraçado isso de se apaixonar sem se querer. Sei que isso é o que mais normalmente acontece. Porém, sem querer e porque quem sobre nada se sabe, já não é assim tão usual.
Uma noite qualquer, em um lugar comum... Atos sobre intenso controle. Cruzam-se os olhares. O meu fixa, o seu dispersa. Mas por alguns segundos seus olhos estiveram dentro dos meus. Contudo, não fui astuta o necessário para mantê-los. Mas toda a força de um olhar, o jeito singelo de articular e a maneira de dançar foram capazes de me prender.
Paixão platônica, à primeira vista se dispersa com o vento. Estou ciente dessa fugacidade. Como o vento delicio-me no frescor do instante. Isso me basta, por agora.

“Farsa contínua! A minha inocência me faria chorar. A vida é a farsa a ser levada por todos.”

Rimbaud

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