segunda-feira, fevereiro 13, 2006
A chegada
A chegada
Silente aproxima
Como quem se cedesse sempre aos caprichos alheios.
Avisto-te a aproximar.
Passos sôfregos.
Um olhar insaciável e gestos contraditórios.
Um olhar remoto, taciturno.
Embriaga-se das minhas cuspidas palavras
Agarra-se a elas
Evitando ser arrancada de súbito de sua comodidade
Com a qual já se habituara.
Fala pouco, fala baixo.
O necessário para permitir que flua o instante.
Sua sombra, sua soberba companhia.
Intrinsecamente tudo remete ao abismo do seu toque.
Brando, porém certo.
Esvazia-se do incômodo dos primeiros instantes.
E de sentinela, acolhe-me.
Desfaço-me em seus braços.
Alheia aos limites, subjuga o desconforto.
Degusta, por fim, do terno sentimento que nos envolve.
Imagem: www.explodingdog.com
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