segunda-feira, janeiro 23, 2006

Vazios Passados

É estranho como sou uma pessoa que se afeta por mínimas coisas que não me dizem respeito. Bem, não sei ao certo. Seria uma questão extremamente subjetiva, sobre a qual desconheço, ou, em alguns instantes, procuro ignorar. Pode ser que a mim fazem qualquer sentido, mas não sei definir qual poderia ser.Um livro que leio ou uma música que ouço, e, que por algum momento me serviu de consolo ou de breve resumo do que em mim se passava naquelas horas, são suficientes para atordoar todo o meu equilíbrio.
Não procuro eloqüência e nem pretendo fazer que tudo que aqui escrevo tenha uma ordem clara e compreensível. Não escrevo para ser lida. Não escrevo para memorar, e nem, para retirar da efemeridade meus sentimentos. Espero que esses malditos sentimentos sejam tão perecíveis como cada segundo. Tão insignificante como cada partícula que existe no universo. Escrevo buscando alívio.
Talvez hoje, e, somente hoje, eu tenha achado o mundo egoísta demais. Minto. Não foi somente hoje. Mas não é sobre isso que desejo falar, pelo menos não agora. Ás vezes sinto saudades de dar toda vazão às dores que tendem a me atordar. Caminhar... sem rumo...sozinha... e com um único porquê. Também não sei a razão para não fazer isso. E sinto como se a cada dia eu soubesse menos de mim. Creio ser isso um tanto quanto estranho, pois deveria eu, com o passar dos dias e com a vivência adquirida saber me conhecer melhor. Pelo contrário, a cada dia me sinto mais esquisita a mim mesma.
Antes as dores pareciam ser mais claras.. Hoje nem sei o que dói. Só sei que há em mim uma ausência latejante. Vazios, outrora preenchidos, me incomodam. Hoje ao ler o livro "Memória de minhas putas tristes" de Gabriel Garcia Marquez, a solidão pareceu-me o que de mais exato possuo. Há no livro uma passagem em que diz que a realidade ensina que o futuro não é do jeito que sonhávamos, e então descobrimos a nostalgia. O passado causa em mim um profundo desconforto. Uma mistura de boas lembranças com tristezas arraigadas. A solidão e o passado parecem andar juntos. Eu poderia ser considerada o pior exemplo de uma pessoa solitária. Mas acredito possuir aquele tipo de solidão que se faz presente mesmo quando se está rodeado por uma multidão, mesmo sendo pessoas que você realmente ama.
"Flutuava entre nuvens erráticas e falava sozinho diante do espelho com a vã ilusão de averiguar quem sou." Gabriel García Marquez

Um comentário:

Anônimo disse...

BOM LIVRO!
adoro o gabo!