terça-feira, novembro 22, 2005

Espera

Espera-se, espera-se
Para que?
Por um silêncio
Tudo de uma espera
Precipitou-se em um nada
E o tempo
Fez-se vago
E o sentido
Perdeu-se
Na angústia
Da espera
As horas, contadas nos segundos
Perderam-se na frieza
Do silêncio
Descobre, então
Que o amargo latejante
Ecoa no peito
Mas, que
Bastam papel e caneta
E a dor dissipa-se

Marina Segatti





segunda-feira, novembro 21, 2005

Poema de Martha Medeiros

Quero morar no teu lugar comum
Fazer previsões
Improvisadas
Crises pré-datadas
E ser dois em um
Bem clichê
Batom no corpo
Lingerie e Sinatra
Bem eu e você
Kitch por uma noite
Adoraria

Martha Medeiros

Alea jacta est

Como imputar ao meu coração um estado de liberdade?

Let it be?

Laissez-faire, laissez-passer?

É!

Deve exitir uma resposta, que já se conhece, mas não se aceita.


Alea jacta est!!!

sexta-feira, novembro 18, 2005

À ...

Acordou, como todos os dias, sem esperar nada que lhe elevasse a um estado de divino deliciamento. Abriu os olhos. Virou-se, no mínimo sete vezes. Encorajou-se levantando. Já desperta e completamente imersa na solidão almejou não ser ela mesma por alguns instantes. Contudo, adiantando-se frente ao espelho sentiu calafrios por se reconhecer precisa demais, por se reconhecer idêntica demais a si mesma.

Desejou também que não houvesse pessoas por onde caminharia. Entretanto, junto ao desejo havia a convicta certeza da impossibilidade de não se esbarrar com alguém. E, assim, após todos os preparativos que uma manhã normal exige, tomou sua direção e pôs-se a caminho do imprevisto.

E o imprevisto, era, naquele dia usual, coisas simples para as quais seus olhos nunca haviam se voltado, a não ser intencionalmente.

Não queria provar do mundo e não buscava deparar-se com sensações irreconhecíveis que lhe causariam um encontro com o novo. Não mesmo. Ao contrário, nada mais lhe seria tão intenso do que a repetição das velhas sensações (o velho se fez novo). Aquelas raras, que somente a impossibilidade do amor, e não a impossibilidade de amar, te resgata da utilidade cotidiana da vida presente.

E como se fosse um presságio sentiu-se tomada por uma coragem incerta e impalpável, mas ao mesmo tempo revelada como uma força com direção previamente estabelecida, porém desconhecida.

Uma paixão, ainda incipiente, rasgou-lhe o peito e exauriu-lhe o medo. Logo ela, sempre tão medrosa. Mas aquém o medo conservara sempre contigo a pureza e a ingenuidade de um primeiro amor. Não porque a vida não lhe havia sido dura, e como fora, porém se permitia sentir além do já vivido e do já previsível. Não se fechava ou se incapacitava mediante as tenebrosidades. Era como se estas lhe despertassem para o perene e não lhe permitisse sucumbir por razões míseras para as quais covardes e hipócritas possuem todos os subterfúgios.
E por um ímpeto, permitiu-se desviar-se dos amores possíveis demais, afastando-se de toda fugacidade e vulnerabilidade, entregando-se a um ritmo próprio que difere do tempo dos homens.

Não possui a medida do abismo, e, nem por isso, deixou de se jogar nele.

domingo, novembro 06, 2005

Tem coisa pior do que tentar convencer uma pessoa de que ela pode gostar de você?
Não quero falar de nada, mesmo. Não entendo muito de tudo, e muito pouco de nada. Mas sei que os dias passam e independem se estou feliz ou triste. Melhor assim...

Um abandono diário da melhor maneira de ser. Covardia.

Faço-me promessas... nunca abandonar o melhor de mim... mesmo que toda a dor me seja suscitada.

Falhei