quinta-feira, setembro 08, 2005

Como não dizer?

Como não dizer sobre sua boca.
Seria pecado ausentar-me de tal feito.
Ao olhá-la a tempestade de pensamentos me inunda.
Como os maiores poetas já descreveram uma boca? Seria alguma, ou todas, dessas descrições suficientes para apreender seus lábios.

Mesmo eu poderia ousar a dizer algo?
Eu que nunca a senti. Que nunca a ouvi. Que apenas a vi.
Apenas admirei, de longe.
Lábios macios. Carnudos.
Imensuráveis os prazeres que me despertam ao fitá-los.
Vermelhos. Perfeitamente recortados no conjunto extraordinário, entre olhos e nariz.
Suave e ousado.

Não há como não voltar meus olhos a essa boca.
Que me chama.
Que me provoca.
Que não me deixa dormir.
Senti-la em segredo é tudo que posso.
Tocá-la em sonhos.

Beijá-la sob a chuva. Beijá-la de manhã, com gosto de leite.
Escapa-me
Beijo de Bom dia. Beijo de Boa Noite. Beijo de algria ou beijo de consolo.
Beijo no escuro. Beijo na madrugada. Beijo de boa viagem.
Beijo de conforto. Beijo mal-humorado.
Escapa-me
Beijar-te a exaustão. De leve. Com lábios. Com a língua. Com toda a boca.
Beijo puro. Profano. Endiabado. Poético.
Escapa-me.

Por quantas bocas hei ainda de percorrer até encontrar-me com a tua?
A quantos precipícios estarei a me atirar na busca desenfreada por teus lábios?
Quantas outras bocas suportarei em ver tocando essa que hoje a mim me encanta?
Não precisas me responder.
Basta beijar-me.


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Senti-la ao som de "Memory Lane" de Elliott Smith é tudo que não posso ter nesse instante.

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