quinta-feira, abril 07, 2005

Sócrates

SÓCRATES: 469 a 399 a.C. Cidadão grego viveu o apogeu e a crise da democracia ateniense. Considerado o precursor da filosofia propriamente dita, sendo chamados seu antecessores de pré-socráticos. Enquanto os sofistas ensinavam argumentar com convicção sobre qualquer assunto, ele, ao contrário, destruía as certezas com bons argumentos.
Foi levado a tribunal popular pelo poeta Meleto, político Ânito e pelo sem importância Lícon, sendo acusado de introduzir novas divindades, não reconhecer os deuses do Estado e de corromper os jovens.
O relato sobre o julgamento de Sócrates é escrito por Platão, seu discípulo, e divido em três partes, em que na primeira escreve-se sobre o exame e a refutação empreendida por Sócrates acerca das acusações sob as quais estava submetido. Para tanto ele retraça sua própria vida e explicita o verdadeiro significado de sua missão. Na segunda parte é o momento em que Sócrates deve fixar sua pena, em nenhum momento ele aceitou ser acusado culpado, não se rebaixando a bajulações e nem cedendo a penas. Dessa maneira os juízes não tinham saída ao não ser prosseguir com a pena de morte. Na terceira parte é a transcrição das últimas palavras endereçadas por Sócrates aos que o haviam condenado a morrer bebendo cicuta.
As fontes mais seguras para a reconstituição da vida e do pensamento de Sócrates continuam sendo, assim, os depoimentos de seus contemporâneos. Do confronto entre Platão, Xenofonte e Aristófanes. Sócrates vai buscar desenvolver uma outra ciência diferenciada a dos sofistas, pois para ele é a consciência da ignorância sobre as coisas que obtém a autoconsciência.
A atividade filosófica de Sócrates possuía uma origem religiosa, pois estava na sabedoria oracular o absoluto em que se apóia a razão. Ao tentar decifrar o oráculo, a razão não se contrai, antes se expande, e, porque o absoluto é sua meta e seu ponto de referência, ela pode e deve traçar um itinerário que não conhece limites.
O reencontro consigo mesmo só pode partir da consciência da própria ignorância. Mas essa ignorância, que é um atributo de Sócrates, não é geralmente assumida pelas outras pessoas, que se julgam na “posse” de verdades. Torna-se necessário, portanto, leva-las, de saída, a despojar-se dessas pseudoverdades. A demolição das falsas idéias que as pessoas têm delas próprias é o que pretende a ironia: momento do diálogo em que Sócrates, reafirmando nada saber, força o interlocutor a expor suas opiniões, para, com habilidade, emanhará-lo na teia obscura de suas próprias afirmativas e acabar reconhecendo a ignorância do que antes julgava ter certeza.
O que Sócrates propõe é formular perguntas adequadas, isto é, um método de investigação que encaminhe o pensamento em direção à essência das coisas, sem desvios. Ele indaga se existe um valor essencial a todos os homens, algo que seja a essência de virtudes particulares como coragem, sabedoria e justiça. Conhecimento e virtude tornam-se sinônimos. Com Sócrates, as questões morais deixam de ser tratadas como convenções baseadas nos costumes, as quais se modificam conforme as circunstâncias e os interesses, para se tornar problemas que exigem do pensamento uma elucidação racional. Nesse sentido ele é fundador da ética.

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