sábado, dezembro 24, 2005
Nada a dizer
Mas, não. Sou incapaz de no mínimo fingir.
Ainda tem essas coisas de desânimo e expectativas.
Ainda tem eu aqui... nesse momento... sem nada a dizer...
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Triste, estou!!
Decisões... me importunam...
É tão ruim ter que ir contra você mesma...
Trilha sonora:
Hunting Bears - Radiohead
The blower´s Daughter - Damien Rice ---> porque me faz lembrar
domingo, dezembro 04, 2005
Qual a altura?
Não fique no rés-do-chão
Não suba alto demais!
O mundo parece mais belo
À meia altura.
Nietzsche
Porque sempre Nietzsche tem razão?
Será que até nessa opinião eu não consigo ser relativa?
Exagero sempre?
Ser comedida e menos impulsiva, há como? Seria isso intensidade? ou apenas exagero mesmo?
Não ter medo, não ter preguiça e sempre observar à meia altura... seria esse o equilíbrio?
Para haver equilíbrio deve antes exister o desequilíbrio...
Quando saberei a altura certa?
Não saberá.
O desconhecido te instiga... mas te assusta.
Há escolhas... sempre...
Há tropeços também...
ESCOLHA.
sábado, dezembro 03, 2005
Poemas
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
Fernando Pessoa, 1931.
DONNA MI PRIEGA 88
se amor é troca
ou entrega louca
discutem os sábios
entre os pequeno
se os grandes lábios
no primeiro caso
onde começa o acaso
e onde acaba o propósito
se tudo o que fazemos
é menos que amor
mas ainda não é ódio?
a tese segunda
evapora em pergunta
que entrega é tão louca
que toda espera é pouca?
qual dos cindo mil sentidos
está livre de mal-entendidos?
Paulo Leminski
terça-feira, novembro 22, 2005
Espera
Para que?
Por um silêncio
Tudo de uma espera
Precipitou-se em um nada
E o tempo
Fez-se vago
E o sentido
Perdeu-se
Na angústia
Da espera
As horas, contadas nos segundos
Perderam-se na frieza
Do silêncio
Descobre, então
Que o amargo latejante
Ecoa no peito
Mas, que
Bastam papel e caneta
E a dor dissipa-se
Marina Segatti
segunda-feira, novembro 21, 2005
Poema de Martha Medeiros
Fazer previsões
Improvisadas
Crises pré-datadas
E ser dois em um
Bem clichê
Batom no corpo
Lingerie e Sinatra
Bem eu e você
Kitch por uma noite
Adoraria
Martha Medeiros
Alea jacta est
Let it be?
Laissez-faire, laissez-passer?
É!
Deve exitir uma resposta, que já se conhece, mas não se aceita.
Alea jacta est!!!
sexta-feira, novembro 18, 2005
À ...
Desejou também que não houvesse pessoas por onde caminharia. Entretanto, junto ao desejo havia a convicta certeza da impossibilidade de não se esbarrar com alguém. E, assim, após todos os preparativos que uma manhã normal exige, tomou sua direção e pôs-se a caminho do imprevisto.
E o imprevisto, era, naquele dia usual, coisas simples para as quais seus olhos nunca haviam se voltado, a não ser intencionalmente.
Não queria provar do mundo e não buscava deparar-se com sensações irreconhecíveis que lhe causariam um encontro com o novo. Não mesmo. Ao contrário, nada mais lhe seria tão intenso do que a repetição das velhas sensações (o velho se fez novo). Aquelas raras, que somente a impossibilidade do amor, e não a impossibilidade de amar, te resgata da utilidade cotidiana da vida presente.
E como se fosse um presságio sentiu-se tomada por uma coragem incerta e impalpável, mas ao mesmo tempo revelada como uma força com direção previamente estabelecida, porém desconhecida.
Uma paixão, ainda incipiente, rasgou-lhe o peito e exauriu-lhe o medo. Logo ela, sempre tão medrosa. Mas aquém o medo conservara sempre contigo a pureza e a ingenuidade de um primeiro amor. Não porque a vida não lhe havia sido dura, e como fora, porém se permitia sentir além do já vivido e do já previsível. Não se fechava ou se incapacitava mediante as tenebrosidades. Era como se estas lhe despertassem para o perene e não lhe permitisse sucumbir por razões míseras para as quais covardes e hipócritas possuem todos os subterfúgios.
E por um ímpeto, permitiu-se desviar-se dos amores possíveis demais, afastando-se de toda fugacidade e vulnerabilidade, entregando-se a um ritmo próprio que difere do tempo dos homens.
Não possui a medida do abismo, e, nem por isso, deixou de se jogar nele.
domingo, novembro 06, 2005
Um abandono diário da melhor maneira de ser. Covardia.
Faço-me promessas... nunca abandonar o melhor de mim... mesmo que toda a dor me seja suscitada.
Falhei
domingo, outubro 23, 2005
Desabafo do referendo
Mais um dia
Mas você continua a se indagar sobre o porquê da apatia.
E tudo é tão leve.
Isuportávelmente.
Basta abrir os olhos.
Repete-se.
E som que não se quer escutar, atormenta.
Senta-se na praça e silencia-se para os passáros.
Repensa.
Erros. Não cometê-los novamente. Crie novos.
Mais um dia se foi.
Contando horas. Mas uma vez parou o dia para pensar.
terça-feira, outubro 11, 2005
Por que votar SIM
Dentre os argumentos de quem votará Não está a idéia de que ao proibir o comércio de armas estará, desta forma, contribuindo para “desequilibrar ainda mais o balanço de forças entre as pessoas comuns e os bandidos – a favor dos bandidos” (Veja). Mas cabe ao cidadão de bem combater o bandido face-a-face? É tendo uma arma que esse cidadão conseguirá vencer o banditismo? Ah francamente, esse é um argumento muito infantil.
No site Duplipensar (http://www.duplipensar.net/dossies/2005-Q4/desarmamento-duplo-assassinato.html) há um artigo como contra-argumento da famosa reportagem da Revista Veja sobre as 7 razões para se votar Não (http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=politica&artigo=desarmamento&lang=bra ). Peço licença para transpor alguns pontos aqui. “Quarto argumento. “A Polícia brasileira é incapaz de garantir a segurança dos cidadãos”. Moral da história? Faça você mesmo a sua lei. Bang-bang. Sexto argumento. “Obviamente, os criminosos não vão obedecer à proibição do comércio de armas.” Este é relevante! Já notaram a preocupação recorrente com a vida dos criminosos? Coisa estranha...”
Há também como apelo para o Não a questão dos proprietários de terras e dos que utilizam a arma para a prática de esportes. Em ambos os casos o referendo não proíbe, desde que tudo esteja dentro das exigências.
Quantas vezes também não se ouviram dizer que já que se vão proibir as armas deveriam também proibir os automóveis. Convenhamos... Carros não foram criados para matar, mas sim para transportar. Agora armas eu não consigo ver outra função.
Tem também o argumento que estarão tolhendo a liberdade, revogando um direito. Mas liberdade? Que liberdade é essa em que alguns possam ter uma arma e se sentirem no direito de tirar a vida de uma outra pessoa?
Proibir o comércio de armas não levará nenhuma fábrica à falência e nem milhares de pessoas ao desemprego, uma vez que a segurança pública continuará se abastecendo de armamentos. Esse também não é um argumento cabível.
Em uma reportagem na Agência Carta Maior “Marcos Rolim oferece uma importante contribuição sobre esse debate, constituindo-se em leitura obrigatória. Partidário do “sim”, o autor reconhece que qualquer política de controle de armas não constitui, em si mesma, resposta suficiente ao fenômeno moderno da violência, mas representa uma importante medida na luta contra a violência e a criminalidade.” (Ver mais em: http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?coluna=reportagens&id=3562 )
Sei que essa campanha do desarmamento é na verdade um referendo contra o comércio de armas. Também compreendo que somente proibir o comércio não será suficiente para se construir uma chamada cultura de paz e não violência no Brasil. Contudo, faz-se urgente tomar atitudes, e essa já seria um primeiro passo. A segurança pública é dever do Estado, com a vitória do Sim os cidadãos poderão cobrar com mais veemência dos governantes, impedindo assim que fique aquele jogo de bate volta, culpando sempre essa questão, a de a sociedade civil possuir armas. E o fato de se poder cobrar é, para mim, o principal argumento para se votar Sim no dia 23 de outubro. O problema da criminalidade de um país vai muito além dessa questão de porte de armas. Mas parece que não querem ver.
sábado, outubro 08, 2005
When I was a little girl....
Inalteráveis
Passado e sentimento.
Dos dois contemplo
Rigor e fixidez.
Passado e sentimento
Me contemplam
Arduidade nas caras
Rigor no teorema
Tento apagar
Atos, postura. Revivem.
Irremovíveis, vítreos.
Incorporam-se para sempre
À eternidade de meu espírito.
sexta-feira, outubro 07, 2005
Macarena - Chile
Eis um!!!
É um blog em espanhol, mas é muito bacana a maneira de escrever e de dispor as palavras.
Vale a pena conferir.
quinta-feira, outubro 06, 2005
Gostosa Paixão
“Farsa contínua! A minha inocência me faria chorar. A vida é a farsa a ser levada por todos.”
Rimbaud
Algo para não ser levado a sério
Contas o infinito?
E quantas gotas de sangue
Pretendes
Desta amorosa ferida
De tão delatada fome
Tens a medida do sonho?
Tens o número do tempo?
Como hei de saber do extenso
De um ódio-amor que percorre furioso
Passadas dentro do vento?
Sabes ainda meu nome?
Fome. De mim na tua vida.
segunda-feira, outubro 03, 2005
Paixão Anormal
Anormal
Pato Fu
Composição: John
Rádio ligado
Troco estações porque
Não sei o som que você
Pode odiar
No supermercado
Eu tento escolher
O mesmo sabor que você
Deve gostar
Se é que conheço você
Só de te observar
Posso apostar que não vai
Me decepcionar
Mas que anormal
Eu devo ser
Pra ver você
Em todo lugar
Dentro do quarto
Vejo comerciais
Qual vai te convencer
Que ainda estou lá
No supermercado
Tentando escolher
O mesmo sabor que você
Deve gostar
quarta-feira, setembro 28, 2005
Hilda Hilst
Que dor desses calendários
Sunidiços, fatos, datas
O tempo envolto em visgo
Minha casa buscando
Teu rosto reversivo
Que dor no branco e no negro
Desses negativos
Lisura congelada de papel
Fatos roídos
E teus dedos buscando
A carnação da vida
Que dor de abraços
Que dor de transparências
E gestos nulos
Derretidos retratos
Fotos fitas
Que rolo sinistro
Nas gavetas
Que gosto esse do tempo
De estancar o jorro de umas vidas
Hilda Hilst
terça-feira, setembro 27, 2005
Lua
______________________________
"O que faço de bom, faço malfeito
Pouco artificial quando sincero
Mera falta de jeito para viver
Sou a filha predileta do defeito"
Martha Medeiros
domingo, setembro 25, 2005
Isso disso!!!
As coisas vão acontecendo de forma tão diversas que ainda são capazes de nos surpreender. Dia pós dia. Pessoas que vem e que vão, que estão e que são. Algumas que nem conhecemos, mas que nos modificam, nos surpreendem..
Olhar pela janela de um prédio é com certeza algo bastante poético. Vidas... acima, a baixo. Cores diversas, movimentos equilibrados. Interessante o acender das luzes, o apagar das TVs... o fechar das janelas.
"O caminho é este
Tem pedra, tem sol
Tem bandido, mocinho
Tem você amando
Tem você sozinho
É só escolher
Ou vai, ou fica
É só escolher
fui"
Martha Medeiros
quinta-feira, setembro 15, 2005
Alguma coisa
Alguma coisa em mim quer surpreender, quer mudar.
Alguma coisa em mim quer se entendida.
Alguma coisa em mim quer ser paixão.
Sou incompreensível a mim mesma.
Existe algo que me sufoca, algo que não tenho coragem suficiente para dar vazão.
Sou um ser intermediário, entre a agonia e o impulso, entre a tristeza e o desejo.
Aperfeiçoo diariamente a preguiça e o medo.
Tenho bons amigos e os admiro.
Tenho uma boa família e uma boa morada.
Sou simples e feliz, na maior parte do tempo.
Sou constantemente chata e excessivamente insaciável.
segunda-feira, setembro 12, 2005
Boa Noite
Alguns dias atrás segui um olhar.
Na semana passada percorri por ruas pares.
Hoje andei contra o vento.
No dia de folga voltei-me ao céu. Subi na torre que fica ao norte da cidade, mas não consegui apanhar pedaços de nuvem.
Vaguei por rostos. E que assombro. Apaixonei-me segundo a segundo. Olhar a olhar. Cabeças baixas. Olhares rápidos, desviados, encarados. Expressões.
Paixão. Intensa.
Descobri agudos. Suspirei por graves.
Ouvi suaves toques.
Perâmbulo de lado a lado. Buscando a fôrma. A fôrma que me daria a exata forma.
Oh! Percalços sem sentido
quinta-feira, setembro 08, 2005
Como não dizer?
Seria pecado ausentar-me de tal feito.
Ao olhá-la a tempestade de pensamentos me inunda.
Como os maiores poetas já descreveram uma boca? Seria alguma, ou todas, dessas descrições suficientes para apreender seus lábios.
Mesmo eu poderia ousar a dizer algo?
Eu que nunca a senti. Que nunca a ouvi. Que apenas a vi.
Apenas admirei, de longe.
Lábios macios. Carnudos.
Imensuráveis os prazeres que me despertam ao fitá-los.
Vermelhos. Perfeitamente recortados no conjunto extraordinário, entre olhos e nariz.
Suave e ousado.
Não há como não voltar meus olhos a essa boca.
Que me chama.
Que me provoca.
Que não me deixa dormir.
Senti-la em segredo é tudo que posso.
Tocá-la em sonhos.
Beijá-la sob a chuva. Beijá-la de manhã, com gosto de leite.
Escapa-me
Beijo de Bom dia. Beijo de Boa Noite. Beijo de algria ou beijo de consolo.
Beijo no escuro. Beijo na madrugada. Beijo de boa viagem.
Beijo de conforto. Beijo mal-humorado.
Escapa-me
Beijar-te a exaustão. De leve. Com lábios. Com a língua. Com toda a boca.
Beijo puro. Profano. Endiabado. Poético.
Escapa-me.
Por quantas bocas hei ainda de percorrer até encontrar-me com a tua?
A quantos precipícios estarei a me atirar na busca desenfreada por teus lábios?
Quantas outras bocas suportarei em ver tocando essa que hoje a mim me encanta?
Não precisas me responder.
Basta beijar-me.
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Senti-la ao som de "Memory Lane" de Elliott Smith é tudo que não posso ter nesse instante.
Por onde???
No tapete fotografias. No tapete uma taça. Um vinho. Uma companhia.
No rádio uma canção. Uma melodia suave. Em um volume bem sintonizado.
Sobre a perna suas mãos. Leve. Macia. Pesada. Acariciante.
Pelo ar, palavras. Soltas. Coerentes. Sinuosas. Delirantes.
Pela janela, a brisa. A acalmar... refrescar... tocar...
Foi assim aquele dia... O dia em que conheci você..
A paz de sua companhia refletia no fervor de meu sangue.
A temperança do seu olhar invejava a rispidez do meu desejo.
Seu controle me descontrolava.
Não havia maneira de lhe despertar.
Chamar-lhe atenção foi o que me pareceu de mais ousado.
Balbuciei. Suspirei. Levantei o tom.
Pensei ter-te em minhas mãos. Em vão.
O silêncio do céu era o seu silêncio.
Não precisava de voz para estar.
Bastava estar.
terça-feira, setembro 06, 2005
Sobre o Tempo
quarta-feira, agosto 31, 2005
Narcisimo
Hoje foi um dia como outro qualquer. Esforcei-me para levantar no mesmo instante em que o despartador tocou, mas como de práxis, enrrolei-me. Tem coisa mais deliciosa do que acordar antes do despertador? Realmente é uma sensação confortante.
No mais, biblioteca, depois trabalhar e em seguida fui assistir uma palestra sobre o Nietzsche. Alguns reencontros e bate-papos.
No caminho de volta para casa, coloquei-me a pensar sobre o porque que eu gosto tanto de me olhar. Estou sempre a procurar um reflexo de mim mesma.. seja em um vidro, em poças, latas, onde for possível. Mas o engraçado que não precisamente em um espelho. Na verdade, espelho só pela noite, e em meu quarto.
Ao pensar nisso veio-me a lembrança de que alguns amigos me consideram um tanto quanto narcisista. Então relacionei as duas idéias e conclui que meu narcisismo não é assim tão destacado.
Quando me olho, e sei que faço muito, não estou procurando uma exaltação "da minha beleza", porque sei que estou longe de ser a beleza em pessoa. Mas gosto de me olhar com intuito de me conhecer. Olho-me admirando pelo que sou e como sou, e não me vangloriando. Isso seria uma forma de narcisismo? Não procuro uma auto-afirmação. Gosto sim de brincar comigo, fazer caretas, expressões e ter conversas francas.
Mas na verdade me adoro muito. Tenho orgulho de mim, e raramente tenho problemas com a tal da estima (alta ou baixa?). Deixo os problemas se manifestarem de outras maneiras e em outros aspectos.
Mas e daí????????
Só me ocorreu de pensar nisso hoje.
sexta-feira, agosto 26, 2005
Ouvindo além
A porta se abre. Eu corro e com um pulo já estou dentro do ônibus, que, por incrível que pareça, está relativamente vazio, não um vazio ao ponto de que todos os passageiros possam se sentar. Mas lá estou eu, grudada à porta com os olhos baixos. Literalmente na minha, quando me dou por surpreendida por uma voz que insiste em sobresair às demais.
Um rapaz alto, magro e repleto de piercings (sobre os quais não consigo precisar a localização). Ele dialoga com uma senhora velha, tipicamente velha. O rapaz relatava sobre o período em que esteve em um presídio. (O interessante é que relatos deste tipo já me ocorreram em ônibus). Discorrendo entre estórias como a tentativa de matá-lo à chave de fendas enquanto dormia, e ele reagindo matando o agressor com uma peixeira, passando por explanações acerca da aparição do Satanás que lhe surgia na forma de uma linda mulher que engrossava a voz na medida que com ele conversava, algo do que ele disse verdadeiramente me marcou. A discussão se dava permeada por expressões teológicas, a cada duas frases um Graças a Deus! era proferido. O que à primeira vista, e de fato o era, parecia uma conversa a tons elevados decidida a chocar as pessoas que ali se encontravam e, que normalmente, eu não perderia meu tempo prestando atenção, exerceu em mim mais do que um choque.
" No meio da minha cabeça tem uma cruz que foi feita a navalha." Eis a frase que me despertasse para aquele papo. O que me intrigou não foi a realidade ou toda profundidade da frase, mas sim a sua poesia. Até então, aquela conversa marcada por expressões sociais não parecia querer mais do que chamar a atenção para si. O linguajar cotidiano e a subjetividade de cada interlocutor pareceu se desfazer. No entanto, a frase à mim se apresentou de uma maneira paradoxal. Ao mesmo tempo em que ela me despertou para conversa ela também me expeliu, fazendo com que eu só fixasse à minha atenção na sua poesia. E como era linda sua poesia.
A porta se abriu.
quarta-feira, agosto 24, 2005
Tão gente
Meu ócio não é criativo.
Minha vida disfarça-se em relatos do ir do vir.
Apaixono-me estranhamente por desconhecidos. Um olhar, as mãos, a palavra dita em hora imprópria.
Iludo-me. Desiludo-me. Inevitávelmente sozinha.
Inebrio-me de rostos, que a mim me tornam corriqueiros.
Ando pela multidão sem levantar o olhar, sem mirar-me a cada rosto que através e por mim passa.
Sinto-me tão gente.
segunda-feira, agosto 22, 2005
Ausência Partilhada
A CHUVA CAI LÁ FORA. SUA CHAVE SOB A MESA. SUA CANECA, COM A DOCE MARCA DE SEUS LÁBIOS, JUNTO À CHAVE ESTÁ A ME OLHAR.
PORQUE HOJE DE VOCÊ SÓ RESTA A CANECA?
A CADA QUEIMAR DE UM CIGARRO - MEU RELÓGIO EM CINZAS!
LEMBRO-ME DAS MANHÃS EM QUE TE SERVIA COM ESSA CANECA.
JÁ SE FOI UM MAÇO DE CIGARRO, E NENHUM TRAGO.
QUANTO TEMPO TEM EM CADA CIGARRO?
QUANTAS LEMBRANÇAS DE TI CABEM EM CADA CIGARRO?
TUDO ERA CALMO. TUDO ERA CERTEZA. TUDO ERA COTIDIANAMENTE ROTINA.
TUDO ESTAVA EM ORDEM QUANDO VOCÊ CHEGOU.
NO ARMÁRIO HAVIA APENAS UMA CANECA. HAVIA!
AGORA SÃO DUAS E UMA ALMA SÓ. DESCONFIGURADA.
RETALHADA EM LEMBRANÇAS.
E AS MALDITAS CHAVES ESTÃO AQUI TAMBÉM.
AQUI NESSE APARTAMENTO QUE SEMPRE FOI SÓ MEU, COM UMA ÚNICA CANECA NO ARMÁRIO.
E AGORA É TÃO NOSSO. MAS ESTOU SOZINHA.
PORQUE DEIXASTES A CHAVE?
PROVOCAR-ME?
E A CHUVA CONTINUA.
domingo, agosto 21, 2005
Tempo, irreconhecível tempo.
quarta-feira, agosto 17, 2005
Passeata: LIMPEZA JÁ! XÔ CORRUPÇÃO!!
Passeata: LIMPEZA JÁ! XÔ CORRUPÇÃO!!
Data: 20 de agosto de 2005
Horário: Concentração as 15:00 hs da tarde, saída as 15:30 hs.
Local: Concentração e saída na Praça do Cruzeiro, Setor Sul, Goiânia
Itinerário: Saindo da Praça do Cruzeiro, pela avenida 84 até o Palácio das Esmeraldas e depois pela rua na.Gerciana Borges Teixeira até a Alameda dos Buritis e por ela até a Assembléia Legislativa.
Atividades: Saída da Praça do Cruzeiro com carro de som e grandes manifestações, parada no Palácio da Esmeraldas para um panelaço e protestos anti-corrupção e depois uma nova parada na Assembléia Legislativa para novo panelaço e manifestações.
Organização: Organizado pela ONG Iluminar e pela sociedade civil em geral e por todos os cidadãos indignados com o atual estado de coisas reinante em nossa política.Participantes: ONG Iluminar, pessoas da sociedade civil, representantes das áreas: cultural, artística (vários grupos teatrais se prontificaram a comparecer caracterizados e protagonizarem encenações e chacotas)
domingo, agosto 14, 2005
Um inteiro - Sérgio Ildefonso
quinta-feira, agosto 11, 2005
Algumas Impressões
quinta-feira, agosto 04, 2005
sexta-feira, julho 22, 2005
Homens e mulheres
Desde que ouvi um amigo meu pronunciar tamanha balburdia, as questões de gêneros não me foram as mesmas. Até, então, ausentei-me em minha vida do envolvimento com questões como estas. Sempre abominei o machismo, mas nunca o combati com veemência.
Contudo a pronúncia de tal frase provocou-me, fazendo com que o feminismo latente em mim despertasse com uma ânsia profunda de modificação. Abdiquei-me da letargia que me dominava e optei por não mais aceitar atitudes como aquela. Compreendo claramente que a discussão com pessoas que partilham junto ao meu amigo desses machismo não me seria favoráveis, e na verdade, representaria algo muito desgastante e sem maiores resultados.
Era necessário, e ainda o é, que eu sistematizasse e procurasse expremir minha indignação de forma a surtir efeitos, e não de maneira a fixar mais ainda esse discurso preconceituoso que a muito envolve as questões de gênero.
Desde desse dia estou a sim a buscar algo que me encouraja a lutar. Não busque verdades e nem certezas, mas sim meios, pois certezas e verdades são valores alocados na Grande Mente de cada um. A mudança se faz pelos meios...pela desconstrução...
É preciso um feminismo engajado, e não deturpado que só queiria encarar o homem de maneira pejorativa.
Homens e mulheres são antes de qualquer coisa seres humanos...
quinta-feira, julho 21, 2005
Sobre a Metafisica
Ele foi colocado em circulação pouco depois da morte de Aristóteles (322/21 a.C.), ou seja, em uma época onde a filosofia começava a institucionalizar seu ensino sobe a forma de diferentes "academias". De onde vem a necessidade de reagrupar em manuais o saber filosófico acumulado até então. Começa então uma primeira divisão das tarefas no interior do campo filosófico, que tomará rapidamente um valor canônico.
MétaphysiqueAutor: J. GreischReferências: Etre et langage, I pp.7-9Site: PhiloNet
Esta divisão segundo o próprio Greisch faz com que a filosofia seja vista por três ângulos específicos, o da physis (epistemè physikè), o do ethos (epistemè ethikè) e o do logos (epistemè logikè). O da physis compreenderia a sabedoria sobre o aspecto "natural" da realidade, que independeria da intervenção humana. Já o ethos revelaria um saber sobre o que é próprio do agir humano, denunciando assim uma visão dos comportamentos e da "cultura". E o logos seria o saber sobre a forma do discurso, como uma teoria do discurso ou da dialética. Mas onde colocar o que Aristóteles chamava "filosofia primeira", ou, mais precisamente, os livros correspondentes a esta sabedoria que transbordavam tal sistematização? Andrônicos de Rhodes resolveu a questão colocando a obra de aristóteles referente a este assunto logo após a obra que discursava sobre a physis, com a qual a "filosofia primeira" de Aristóteles mantinha um certo parentesco. Esta parte da obra do grande mestre grego foi então chamada de ta meta ta physika, expressão grega de onde se origina o termo "metafísica".
Etimologia do termo "metafísica"
A palavra metafísica foi empregada pela primeira vez por Andrônico de Rodes, por volta do ano 50 a.C., quando recolheu e classificou as obras de Aristóteles que, durante muitos séculos, haviam ficado dispersas e perdidas. Com essa palavra – ta meta ta physika -, o organizador dos textos aristotélicos indicava um conjunto de escritos que, em sua classificação, localizavam-se após os tratados sobre a física ou sobre a Natureza, pois a palavra grega meta quer dizer: depois de, após, acima de. Ta: aqueles; meta: após, depois; ta physika: aqueles da física. Assim, a expressão ta meta ta physika significa literalmente: aqueles [escritos] que estão [catalogados] após os [escritos] da física. Ora, tais escritos haviam recebido uma designação por parte do próprio Aristóteles, quando este definira o assunto de que tratavam: são os escritos da Filosofia Primeira, cujo tema é o estudo do “ser enquanto ser”. Desse modo, o que Aristóteles chamou de Filosofia Primeira passou a ser designado como metafísica.
Convite à FilosofiaAutor: Marilena CHAUÍ
quarta-feira, julho 20, 2005
DESÂNIMO
DESÂNIMO
Estou agora triste.
Há nesta vidaPáginas torvas que se não apagam,
Nódoas que não se lavam... se esquecê-las
De todo não é dado a quem padece...
Ao menos resta ao sonhador consolo
No imaginar dos sonhos de mancebo!
Oh! voltai uma vez! eu sofro tanto!
Meus sonhos, consolai-me! distraí-me!
Anjos das ilusões, as asas brancas
As névoas puras, que outro sol matiza.
Abri ante meus olhos que abraseiam
E lágrimas não tem que a dor do peito
Transbordem um momento...
E tu, imagem,
Ilusão de mulher, querido sonho,
Na hora derradeira, vem sentar-te,
Pensativa e saudosa no meu leito!
O que sofres? que dor desconhecida
Inunda de palor teu rosto virgem?
Por que tu’alma dobra taciturna,
Como um lírio a um bafo d’infortúnio?
Por que tão melancólica suspiras?
Ilusão, ideal, a ti meus sonhos,
Como os cantos a Deus se erguem gemendo!
Por ti meu pobre coração palpita...
Eu sofro tanto! meus exaustos dias
Não sei por que logo ao nascer manchou-os
De negra profecia um Deus irado.
Outros meu fado invejam...
Que loucura!
Que valem as ridículas vaidades
De uma vida opulenta, os falsos mimos
De gente que não ama?
Até o gênio
Que Deus lançou-me à doentia fronte,
Qual semente perdida num rochedo,
Tudo isso que vale, se padeço!
Nessas horas talvez em mim não pensas:
Pousas sombria a desmaiada face
Na doce mão e pendes-te sonhando
No teu mundo ideal de fantasia...
Se meu orgulho, que fraqueia agora,
Pudesse crer que ao pobre desditoso
Sagravas uma idéia, uma saudade...
Eu seria um instante venturoso!
Mas não... ali no baile fascinante,
Na alegria brutal da noite ardente,
No sorriso ebrioso e tresloucado
Daqueles homens que, pra rir um pouco,
Encobrem sob a máscara o semblante,
Tu não pensas em mim.
Na tua idéia
Se minha imagem retratou-se um dia
Foi como a estrela peregrina e pálida
Sobre a face de um lago...
domingo, julho 17, 2005
Por tempo indeterminado
Por tempo indeterminado não mais determinarei o porque de cada fato.
Por tempo indeterminado não dareia razões para todos os meus atos, mesmo os sem razões aparentes.
Por tempo indeterminado não buscarei respostas, mesmo que essas me cheguem facilmente e claramente. Prometo ignorá-las.
Por tempo indeterminado não ditarei regras costumeiros do dever ser e do dever ter, mesmo que a mim as consequências de tais atitudes me estrangulem a patética imagem que por 22 anos tenho criado acerca da estapafúdia realidade da qual não vivo, sobrevivo, ou seria subvivo, desvivo....
Por tempo indeterminado deixarei-me de importar com tudo que um dia acreditei ser importante, magoarei e ferirei, não com esse propósito, mas como uma desculpa covarde de que tudo tem que ser assim.
Por tempo indeterminado estarei muito menos preparada para o dia-a-dia, e essa estúpida idéia de costumeiro cotidiano, mesmo que me deprima estar só.
Por tempo indeterminado estarei distante...longe em alguma Infinita Highway...
sábado, junho 25, 2005
Eu
Amigos, paixões, ilusões
Se foram
Reconheço, agora, sozinha
Nessa estrada que eu mesma tracei
Sigo, a procura, de mim
Descubro, não tão tarde, não tão exato
Passaremos, anos e vidas,
cores e sonhos
pessoas e fé
Tentando
Ser quem somos
Nada mais, nada menos
Na precisão de somente se sentir tal como se sente
de sonhar tal qual se sonha
Nós nos bastamos
Triste Canção
Você não me conhece, eu sei
E nem ao menos imagina o porquê do meu desejo em lhe conhecer
Do pouco que sei, do pouco que vi
Do muito que senti
Não lhe dirigi diretamente
Medo?
É eu sei...
Fraqueza, doutrina maior dos desaventurados da coragem
Importo-me agora, apenas, com as lágrimas
Essas que te escorrem
Não chores, meu amor!!!!!!
Nunca é tarde
Você se perdeu de mim, por nenhum motivo
E mais uma vez, veio a canção
Mas que diabos!!!!
Não a ouça
Lembre-se dos ouvidos do desconhecido
E jamais se esqueça de mim
Gostei por não te conhecer
Te perdi quando toquei a canção
Triste canção
domingo, junho 19, 2005
Sofro de Vida
de homens, famílias patéticas
Não me perguntaram
Se eu gostaria de estar nesse lugar
Impuseram-me esse mundo
Obrigaram-me a essa vida
Estúpidos, dias e noites
De horas incessantes
Aterrorizam-me com costumes medíocres
De deuses e sombras que ecoam
De uma moral humanamente estúpida, demasiada humana
Sou covarde
Não quero mais viver
Eu sofra de vida
terça-feira, junho 14, 2005
Madrugar de um fim
Amigos, hei passado a madrugada
E a garrfa de vodka está seca
Seu coração está seco
Sua voz ébria, afugentou-se
Silentes caminhamos
Parem
Impera agora somente o caos
O caos e nada mais
Em algum lugar
Bárbaros, incrédulos noturnos, se amam
E a terra gira
Mas uma lua se põe.
segunda-feira, junho 06, 2005
Ser Radical
É pensar o impensável,
realizar o irrealizavél,
e chegar ás nuvens num só salto.
Ser Radical é ser diferente.
É poder erguer o mundo
mas ser,
lá bem no fundo,
igual a toda a gente.
Ser Radical é ser poeta.
É ter uma vontade irrequieta de criar.
É ser uma alma incompleta sem o mar...
e voar...
Voar, mesmo sem asas.
Saltar montanhas,
rasar casas,
num só golpe de vista.
Ser Radical é ser senhor.
Ser Radical é ser doutor.
Ser Radical é ser Artista.
Ser Radical é saber,
que Ser igual não existe.
E é curtir um BLUES tristeao fim do dia...
_ Manuel Figueiredo de Macedo 1997-02-18 _
Roubei esse poema de um blog, pois gostei muito dele....
segunda-feira, maio 23, 2005
Poesia
Poesia concreta:
Criada por Décio Pignatari (1927), Haroldo de Campos (1929) e Augusto de Campos (1931), a poesia concreta era um ataque à produção poética da época, dominada pela geração de 1945, a quem os jovens paulistas acusavam de verbalismo, subjetivismo, falta de apuro e incapacidade de expressar a nova realidade gerada pela revolução industrial.São Paulo vivia então o apogeu do desenvolvimentismo da Era J.K. e seus intelectuais buscavam uma poética ideológica/artística cosmopolita, como tinham feito os modernistas de 1922. Por isso, um dos modelos adotados pelos concretos foi Oswald de Andrade cuja lírica sintética (“poemas-pílula”) representava para eles o vanguardismo mais radical.
* Desde 1952, os jovens intelectuais paulistas vinham procurando um novo caminho através de uma revista chamada Noigandres, palavra tirada de um poema de Erza Pound e que não significa nada.
"Todo o poema é uma aventura planificada"
Em síntese, os criadores do concretismo propugnavam um experimentalismo poético (planificado e racionalizado) que obedecia aos seguintes princípios:
- Abolição do verso tradicional, sobretudo através da eliminação dos laços sintáticos (preposições, conjunções, pronomes, etc.), gerando uma poesia objetiva, concreta, feita quase tão somente de substantivos e verbos;
- Um linguagem necessariamente sintética, dinâmica, homóloga à sociedade industrial (“A importância do olho na comunicação mais rápida... os anúncios luminosos, as histórias em quadrinhos, a necessidade do movimento....”);
- Utilização de paronomásias, neologismos, estrangeirismos; separação de prefixos e sufixos; repetição de certos morfemas; valorização da palavra solta (som, forma visual, carga semântica) que se fragmenta e recompõe na página;
- O poema transforma-se em objeto visual, valendo-se do espaço gráfico como agente estrutural: uso dos espaços brancos, de recursos tipográficos, etc.; em função disso o poema deverá ser simultaneamente lido e visto.
domingo, maio 22, 2005
domingo, maio 15, 2005
Nunca encontro
quinta-feira, maio 05, 2005
quarta-feira, abril 27, 2005
A vida
Pensei com esperança
Olhei distante
Quando adormeci
Sonhei
E o tempo passou...
Da vida, o nada..
Do destino... o inesperado
Encruzilhadas, moveram-me a temerosa realidade
Não foram os ventos da aurora
Ou o nascer de um novo dia
Sentia-se um frio despertar
Marcas
Perdas
Fracasso...
Fraquejava-se mais uma vez
Não ousara com paixão
Não lutara
Entregeu apenas, à medíocridade de uma simplória existência
terça-feira, abril 26, 2005
sexta-feira, abril 22, 2005
O ser
Apenas
Dia pós dia, respirar
Dia pós dia, sonhar
Dia pós dia, cotidianamente, viver
Embriagado da nostalgia
Calcada na cruel lembrança de uma velha esperança
Efeito otimismo, efeito pessimismo...
Ódio, amor, ódio, amor, conformação
Foi assim, e assim será
Alguns, idolatrados, acharam viver com maior paixão
Soa exato, a verdade, a insônia
Raiz de quem ama
Alma de quem se esconde.
sexta-feira, abril 08, 2005
Mitologia grega
ADÔNISA figura de Adônis, estreitamente vinculada a mitos...
As tempestades que, segundo Homero, Posêidon provocou...
AQUILESA antiga e rica lenda de Aquiles ilustra a assertiva de...
CENTAURONa mitologia grega, os centauros eram a personificação...
AGAMENONPersonagem histórica que a tradição cercou de lendas...
quinta-feira, abril 07, 2005
Sócrates
Foi levado a tribunal popular pelo poeta Meleto, político Ânito e pelo sem importância Lícon, sendo acusado de introduzir novas divindades, não reconhecer os deuses do Estado e de corromper os jovens.
O relato sobre o julgamento de Sócrates é escrito por Platão, seu discípulo, e divido em três partes, em que na primeira escreve-se sobre o exame e a refutação empreendida por Sócrates acerca das acusações sob as quais estava submetido. Para tanto ele retraça sua própria vida e explicita o verdadeiro significado de sua missão. Na segunda parte é o momento em que Sócrates deve fixar sua pena, em nenhum momento ele aceitou ser acusado culpado, não se rebaixando a bajulações e nem cedendo a penas. Dessa maneira os juízes não tinham saída ao não ser prosseguir com a pena de morte. Na terceira parte é a transcrição das últimas palavras endereçadas por Sócrates aos que o haviam condenado a morrer bebendo cicuta.
As fontes mais seguras para a reconstituição da vida e do pensamento de Sócrates continuam sendo, assim, os depoimentos de seus contemporâneos. Do confronto entre Platão, Xenofonte e Aristófanes. Sócrates vai buscar desenvolver uma outra ciência diferenciada a dos sofistas, pois para ele é a consciência da ignorância sobre as coisas que obtém a autoconsciência.
A atividade filosófica de Sócrates possuía uma origem religiosa, pois estava na sabedoria oracular o absoluto em que se apóia a razão. Ao tentar decifrar o oráculo, a razão não se contrai, antes se expande, e, porque o absoluto é sua meta e seu ponto de referência, ela pode e deve traçar um itinerário que não conhece limites.
O reencontro consigo mesmo só pode partir da consciência da própria ignorância. Mas essa ignorância, que é um atributo de Sócrates, não é geralmente assumida pelas outras pessoas, que se julgam na “posse” de verdades. Torna-se necessário, portanto, leva-las, de saída, a despojar-se dessas pseudoverdades. A demolição das falsas idéias que as pessoas têm delas próprias é o que pretende a ironia: momento do diálogo em que Sócrates, reafirmando nada saber, força o interlocutor a expor suas opiniões, para, com habilidade, emanhará-lo na teia obscura de suas próprias afirmativas e acabar reconhecendo a ignorância do que antes julgava ter certeza.
O que Sócrates propõe é formular perguntas adequadas, isto é, um método de investigação que encaminhe o pensamento em direção à essência das coisas, sem desvios. Ele indaga se existe um valor essencial a todos os homens, algo que seja a essência de virtudes particulares como coragem, sabedoria e justiça. Conhecimento e virtude tornam-se sinônimos. Com Sócrates, as questões morais deixam de ser tratadas como convenções baseadas nos costumes, as quais se modificam conforme as circunstâncias e os interesses, para se tornar problemas que exigem do pensamento uma elucidação racional. Nesse sentido ele é fundador da ética.
quinta-feira, março 24, 2005
domingo, março 13, 2005
quinta-feira, março 10, 2005
Por aí devagando!!!
Um conto...
No ônibus...
Era tarde. O dia já passava monótono como sempre, intenso e atordoado como houvera de ser...
Lá estava ela sozinha e desolada a esperar..eis que nunca deixou de ser assim..No ponto de ônibus, sem grandes expectativas e nem meras frustações...Parada com sua própria vida...
Enfim, dobra a esquina o desejado transporte. Ela embarca, comum, como os demais...nada notável, nada perceptível..apenas uma senhora....
Não havia lugares, e que mal havia nisso, pois houve algum dia em que ela pode se sentar?..não!!!
Segurou firme em um ferro...que ao lado estava sentada um senhora...A senhora trazia consigo algumas sacolas que se debruçavam para além de seu espaço. Ela já estava atordoada de tanto encostar naquela sacola, mas não havia outro lugar. A senhora olhava lhe com um ar de que se estava assim tão incomodada o azar não era dela...e sim do incomodado...Franziam a testa...Olhavam-se e disfarçavam...Fingiam.
E aquele encostar parecia, então, uma intensa provocação..um duelo. Quem venceria? Ela encostava, a senhora forçava...E assim ficaram horas...
Era chegada a hora de descer.
O ônibus parou. As pessoas começaram a descer...e neste momento, as duas, seguiram em direção a porta e se despediram com um breve e sarcástico sorriso.
terça-feira, março 08, 2005
Contradiçoes
Por onde andei até então?
As vezes me pego em minhas próprias contradições
Querer ser...
Querer dizer
Um sol que brilha...
Uma mão que encosta
Um dia que passa
Uma voz que se escuta
Detalhes apenas
Incrédulos
Perceptível?
Pouco sentido...
Pouco ousado
A vida
Razão que se alcança
Janela
Adentra-se esperanças...
A escuridão de um quarto
Remete às mais claras recordações
Um paradoxo de imagens, idéias e contradições
Sonhos que tecem de olhos abertos
Realidades imaginadas e revividas
Antigos desejos exteriorizados...
A solidão é companheira
Ao contrário do que se pensa
Estar só, é estar se preso a você
É um conhecimento profundo e verdadeiro
Ou você mente para si mesmo?
Mentalizar
Viver
domingo, março 06, 2005
Incandescente
Esbarro-me em uma cruel vaidade?
Não sei se vejo por dentro
Ou se observo por fora
Entendo meu lamento, que desaprova
Verdade seja dita
Almeja-se a beleza
Por menos se acredita
Que o belo és o que deseja
Na andança em vil caminho
Via pós via
Esquinas em desatino
Não entenderás por onde se segues
Buscarás acertos breves
Portanto, a porta se fecha.
segunda-feira, fevereiro 28, 2005
Poema
Arquétipo de uma vida.
Liberdade
Conhecimento além de uma superficialidade
Nas entranhas de uma personalidade
Cada qual, esquesito, é um mero acaso do tempo
Existente em um mundo indiferente a ti
Existencialista da penumbra da vida
E cruel, exceto, em sua auto-crítica.
Vive-se atordando-se por não ter respostas
Espera-se em vão
Chora-se por ninguém
Deixa-se levar pela superficialidade.
Ainda assim se é alguém.
domingo, fevereiro 27, 2005
Procura incessante
O mundo, uma icógnita, que me condicionou a viver conforme suas leis gerais, não me condicionou a reagi-lo de forma a escapar de um sistema sufocante que ordena e reordena o tudo a todo instante.
Inspiração, o sopro da alma. Uma alma vazia é um lamento, um descontentamento atordoante que embriaga todo o ser e o deixa fora de si. Um ser pouco sublime de criatividade insólita, de teorias vagas.
Querer ser quem? Ser e porque ser?
Infinito. A construção de um ser é relativamente proporcional a desconstrução desse mesmo ser.
Inebriante
terça-feira, fevereiro 22, 2005
Mudanças
Saudar o passado é algo que intesamente ocorre conosco, seres humanos. A vida passa, e a sensação que se tem com esse passar é de sua eterna efemeridade, um passar breve e veloz. Diz-se que este sentimento está inteiramente associado a vivência de cada um. A noção de tempo refere-se simplismente às ações, em menor ou maior grau, de cada indivíduo. E nos perguntamos, há uma razão por detrás de viver? Não somos somente frutos condicionados de um sistema a muito constituído que cotidianamente fomos "obrigados" - vivência social - a aceitar? Existe algo em nós inato, que de qualquer maneira nos faria viver?
Viver e viver, e porque viver?
Covardia, diz-se daquele capaz de lhe tirar a própria vida, mas não seria ao contrário?
Não faço aqui uma apologia ou procuro demonstrar que a tirar a vida é algo virtuoso e uma pura demonstração de coragem. Apenas utilizo-me desse espaço para expressar-me e quem sabe me tornar menos confusa.
Quero aliviar essa angústia que vivencio dia pós dia, esse dissabor de não saber porque há saudades se nem foi assim tão bom de fato. Mas a verdade de tudo é que naqueles dias eu vivi com paixão, paixão esta que não sei para onde se encaminhou.