quarta-feira, agosto 31, 2005

Narcisimo

Querido diário!!!

Hoje foi um dia como outro qualquer. Esforcei-me para levantar no mesmo instante em que o despartador tocou, mas como de práxis, enrrolei-me. Tem coisa mais deliciosa do que acordar antes do despertador? Realmente é uma sensação confortante.
No mais, biblioteca, depois trabalhar e em seguida fui assistir uma palestra sobre o Nietzsche. Alguns reencontros e bate-papos.

No caminho de volta para casa, coloquei-me a pensar sobre o porque que eu gosto tanto de me olhar. Estou sempre a procurar um reflexo de mim mesma.. seja em um vidro, em poças, latas, onde for possível. Mas o engraçado que não precisamente em um espelho. Na verdade, espelho só pela noite, e em meu quarto.
Ao pensar nisso veio-me a lembrança de que alguns amigos me consideram um tanto quanto narcisista. Então relacionei as duas idéias e conclui que meu narcisismo não é assim tão destacado.

Quando me olho, e sei que faço muito, não estou procurando uma exaltação "da minha beleza", porque sei que estou longe de ser a beleza em pessoa. Mas gosto de me olhar com intuito de me conhecer. Olho-me admirando pelo que sou e como sou, e não me vangloriando. Isso seria uma forma de narcisismo? Não procuro uma auto-afirmação. Gosto sim de brincar comigo, fazer caretas, expressões e ter conversas francas.

Mas na verdade me adoro muito. Tenho orgulho de mim, e raramente tenho problemas com a tal da estima (alta ou baixa?). Deixo os problemas se manifestarem de outras maneiras e em outros aspectos.

Mas e daí????????

Só me ocorreu de pensar nisso hoje.

sexta-feira, agosto 26, 2005

Ouvindo além

A porta se abre. Eu corro e com um pulo já estou dentro do ônibus, que, por incrível que pareça, está relativamente vazio, não um vazio ao ponto de que todos os passageiros possam se sentar. Mas lá estou eu, grudada à porta com os olhos baixos. Literalmente na minha, quando me dou por surpreendida por uma voz que insiste em sobresair às demais.

Um rapaz alto, magro e repleto de piercings (sobre os quais não consigo precisar a localização). Ele dialoga com uma senhora velha, tipicamente velha. O rapaz relatava sobre o período em que esteve em um presídio. (O interessante é que relatos deste tipo já me ocorreram em ônibus). Discorrendo entre estórias como a tentativa de matá-lo à chave de fendas enquanto dormia, e ele reagindo matando o agressor com uma peixeira, passando por explanações acerca da aparição do Satanás que lhe surgia na forma de uma linda mulher que engrossava a voz na medida que com ele conversava, algo do que ele disse verdadeiramente me marcou. A discussão se dava permeada por expressões teológicas, a cada duas frases um Graças a Deus! era proferido. O que à primeira vista, e de fato o era, parecia uma conversa a tons elevados decidida a chocar as pessoas que ali se encontravam e, que normalmente, eu não perderia meu tempo prestando atenção, exerceu em mim mais do que um choque.

" No meio da minha cabeça tem uma cruz que foi feita a navalha." Eis a frase que me despertasse para aquele papo. O que me intrigou não foi a realidade ou toda profundidade da frase, mas sim a sua poesia. Até então, aquela conversa marcada por expressões sociais não parecia querer mais do que chamar a atenção para si. O linguajar cotidiano e a subjetividade de cada interlocutor pareceu se desfazer. No entanto, a frase à mim se apresentou de uma maneira paradoxal. Ao mesmo tempo em que ela me despertou para conversa ela também me expeliu, fazendo com que eu só fixasse à minha atenção na sua poesia. E como era linda sua poesia.

A porta se abriu.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Tão gente

Minhas inspirações são irreais.
Meu ócio não é criativo.
Minha vida disfarça-se em relatos do ir do vir.
Apaixono-me estranhamente por desconhecidos. Um olhar, as mãos, a palavra dita em hora imprópria.
Iludo-me. Desiludo-me. Inevitávelmente sozinha.
Inebrio-me de rostos, que a mim me tornam corriqueiros.
Ando pela multidão sem levantar o olhar, sem mirar-me a cada rosto que através e por mim passa.
Sinto-me tão gente.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Ausência Partilhada
















A CHUVA CAI LÁ FORA. SUA CHAVE SOB A MESA. SUA CANECA, COM A DOCE MARCA DE SEUS LÁBIOS, JUNTO À CHAVE ESTÁ A ME OLHAR.
PORQUE HOJE DE VOCÊ SÓ RESTA A CANECA?
A CADA QUEIMAR DE UM CIGARRO - MEU RELÓGIO EM CINZAS!
LEMBRO-ME DAS MANHÃS EM QUE TE SERVIA COM ESSA CANECA.
JÁ SE FOI UM MAÇO DE CIGARRO, E NENHUM TRAGO.
QUANTO TEMPO TEM EM CADA CIGARRO?
QUANTAS LEMBRANÇAS DE TI CABEM EM CADA CIGARRO?
TUDO ERA CALMO. TUDO ERA CERTEZA. TUDO ERA COTIDIANAMENTE ROTINA.
TUDO ESTAVA EM ORDEM QUANDO VOCÊ CHEGOU.
NO ARMÁRIO HAVIA APENAS UMA CANECA. HAVIA!
AGORA SÃO DUAS E UMA ALMA SÓ. DESCONFIGURADA.
RETALHADA EM LEMBRANÇAS.
E AS MALDITAS CHAVES ESTÃO AQUI TAMBÉM.
AQUI NESSE APARTAMENTO QUE SEMPRE FOI SÓ MEU, COM UMA ÚNICA CANECA NO ARMÁRIO.
E AGORA É TÃO NOSSO. MAS ESTOU SOZINHA.
PORQUE DEIXASTES A CHAVE?
PROVOCAR-ME?
E A CHUVA CONTINUA.

domingo, agosto 21, 2005

Tempo, irreconhecível tempo.


Tempo, irreconhecível tempo.
Na verdade das horas, na ignóbel saudade cotidiana.
Nos percalços corriqueiros.
Inacreditável pesar de uma alegria. Qual o lado mais triste de uma alegria?
Toda alegria revela-se triste.
Em algum momento tudo será eterno... a tristeza será eterna.. recalcada em cada alegria que se tenha.
Ontem eu tinha sonhos.. Hoje eu ainda tenho sonhos. Amanhã continuarei a ter sonhos.
Pensavas no céu, nas cores, na mesinha de cabeceira com o porta-retrato do qual ninguém mais falou.
O amarelo de cada amanhecer não retoca a primeira impressão do abrir dos olhos.
Abra-os...
Abra-os para o tempo que ainda é o tempo de sonhar

quarta-feira, agosto 17, 2005

Passeata: LIMPEZA JÁ! XÔ CORRUPÇÃO!!


Passeata: LIMPEZA JÁ! XÔ CORRUPÇÃO!!

Data: 20 de agosto de 2005

Horário: Concentração as 15:00 hs da tarde, saída as 15:30 hs.

Local: Concentração e saída na Praça do Cruzeiro, Setor Sul, Goiânia

Itinerário: Saindo da Praça do Cruzeiro, pela avenida 84 até o Palácio das Esmeraldas e depois pela rua na.Gerciana Borges Teixeira até a Alameda dos Buritis e por ela até a Assembléia Legislativa.

Atividades: Saída da Praça do Cruzeiro com carro de som e grandes manifestações, parada no Palácio da Esmeraldas para um panelaço e protestos anti-corrupção e depois uma nova parada na Assembléia Legislativa para novo panelaço e manifestações.

Organização: Organizado pela ONG Iluminar e pela sociedade civil em geral e por todos os cidadãos indignados com o atual estado de coisas reinante em nossa política.Participantes: ONG Iluminar, pessoas da sociedade civil, representantes das áreas: cultural, artística (vários grupos teatrais se prontificaram a comparecer caracterizados e protagonizarem encenações e chacotas)
Espero que esta seja uma manifestação com uma participação de destaque. De nada adianta diariamente lamentar que o jovem de hj em dia não tem expressão política. É chegado o dia de reaver tal idéia e demonstrar que a latência dessa juventude não será mais uma constante. E que apesar do comodismo a que estamos acostumados mediante o conformismo da impotência, vamos demonstrar que esse tempo passou. E que estmos sim, e muito, atentos aos acontecimentos políticos de nosso país. E que não mais aceitaremos a corrupção. Até então sabíamos de sua existência, mas a letargia e a apatia nos impedia de ir a luta. Mas basta!!!!
Como diria Che: " Quando o extraordinário se torna cotidiano, eis a Revolução"
Assim sendo, quando vivermos moralmente de uma maneira digna e não mais tolerar, por menor que seja, ações desrespeitosas e anti-éticas, estaremos contribuindo para um país mais humanos e igualitário.
"Todos iguais, mas uns mais iguais que os outros."

domingo, agosto 14, 2005

Um inteiro - Sérgio Ildefonso

Uma parte de mim ressente-se por um passado perdido Outra parte de mim se esconde em um futuro esquecido Uma parte de mim se embriaga no absinto da luxúria Outra parte de mim se abriga sob a égide da loucura Uma parte de mim se esquece das feridas que o tempo não fechou Outra parte de mim abraça as esperanças que a vida nunca deixou Uma parte de mim insiste na aventura de viver Outra parte de mim sonha no adormecer dos dias e enfim morrer Uma parte de mim namora com a vida Outra parte de mim se aventura com a morte Uma parte de mim pranteia prantos secos Outra parte de mim se escorre, caído em sórdidos becos Uma parte de mim ilumina-se com o clarear de um novo dia Outra parte de mim se afugenta na noite e dela respira Uma parte de mim é o verbo Outra parte de mim é um prejudicado predicado Uma parte de mim é alento Outra parte de mim é o relento Uma parte de mim são seus olhos Outra parte de mim a bandeira queimada das utopias Uma parte de mim é seu sorriso Outra parte de mim é o que eu preciso Uma parte de mim são os seus sonhos Outra parte de mim são meus pesadelos Uma parte de mim é a sua doçura A outra parte de mim é sua ternura Uma parte de mim insiste em te amar A outra parte de mim resolveu te amar.

quinta-feira, agosto 11, 2005

Algumas Impressões

Por estes dias que se seguirão, tentarei esboçar nesse espaço as impressões que obtive ao ler A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER de Milan Kundera.
Escreverei passagens sobre as quais achei interessante refletir e oras demonstrarei minha opinião, revelando o que a idéia do autor provocou em mim.
Um livro do qual se poder extrair grande idéias, com as quais pode ou não concordar, pois o autor tem uma maneira curiosa e meticulosa de escrever, causando até um certo espanto em quem o lê.
Assim inicio:
" Só o acaso pode ser interpretado como uma mensagem. Aquilo que acontece por necessidade, aquilo que é esperado e que se repete todos os dias não é senão uma coisa muda. Somente o acaso tem voz."
" Nossa vida cotidiana é bombardeada de acasos, mais exatamente encontro fortuitos entre as pessoas e os acontecimentos - aquilo que chamamos de coincidências. Existe co-incidência quando dois acontecimentos inesperados acontecem ao mesmo tempo, quando eles se encontram."
Indago-me cotidianamente sobre essa questão. Porque o acaso é na maioria das vezes muita mais interessante? Isso é me soa óbvio. Mas me incomoda minha sede por acasos... a minha loucura em cirar acasos.. Isso será possível?
Invento.. crio... busco.. forjo (existe essa palavra? Tenho preguiça de olhar no dicionário)... Milhões de estorinhas eu crio a fim de fazer com que o cotidiano tenha mais acasos do que rotina.
E quando o acaso se torna rotina? Será absurdamente óbvio, eu concordo que nesse caso deixou de ser acaso.
E pensar na palavra A-C-A-S-O. Seria uma negação do caso? Mas o que é um CASO?
CASO - DESCASO - ACASO
To excedendo nessa minha desventura...

quinta-feira, agosto 04, 2005