segunda-feira, maio 23, 2005

Hora de Ponta

Hora de Ponta

Poesia

Enfim
o fim
Agora
a hora
Invés
o viés
De cada circunstância


Poesia concreta:

Em 1956, a Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada na cidade de São Paulo, lançou oficialmente o mais controverso movimento de poesia vanguardista brasileira: o concretismo*.
Criada por Décio Pignatari (1927), Haroldo de Campos (1929) e Augusto de Campos (1931), a poesia concreta era um ataque à produção poética da época, dominada pela geração de 1945, a quem os jovens paulistas acusavam de verbalismo, subjetivismo, falta de apuro e incapacidade de expressar a nova realidade gerada pela revolução industrial.São Paulo vivia então o apogeu do desenvolvimentismo da Era J.K. e seus intelectuais buscavam uma poética ideológica/artística cosmopolita, como tinham feito os modernistas de 1922. Por isso, um dos modelos adotados pelos concretos foi Oswald de Andrade cuja lírica sintética (“poemas-pílula”) representava para eles o vanguardismo mais radical.
* Desde 1952, os jovens intelectuais paulistas vinham procurando um novo caminho através de uma revista chamada Noigandres, palavra tirada de um poema de Erza Pound e que não significa nada.
"Todo o poema é uma aventura planificada"
Em síntese, os criadores do concretismo propugnavam um experimentalismo poético (planificado e racionalizado) que obedecia aos seguintes princípios:
- Abolição do verso tradicional, sobretudo através da eliminação dos laços sintáticos (preposições, conjunções, pronomes, etc.), gerando uma poesia objetiva, concreta, feita quase tão somente de substantivos e verbos;
- Um linguagem necessariamente sintética, dinâmica, homóloga à sociedade industrial (“A importância do olho na comunicação mais rápida... os anúncios luminosos, as histórias em quadrinhos, a necessidade do movimento....”);
- Utilização de paronomásias, neologismos, estrangeirismos; separação de prefixos e sufixos; repetição de certos morfemas; valorização da palavra solta (som, forma visual, carga semântica) que se fragmenta e recompõe na página;
- O poema transforma-se em objeto visual, valendo-se do espaço gráfico como agente estrutural: uso dos espaços brancos, de recursos tipográficos, etc.; em função disso o poema deverá ser simultaneamente lido e visto.

domingo, maio 22, 2005

domingo, maio 15, 2005

Nunca encontro

Suspirei, e pedi para te esquecer
Sonhei, e desejei que não fosse com você
Acordei, e jurei não querer mais te ver
Almocei, e degustei a amarga lembrança de te ter
Caminhei, e pisei em cada pensamento que você me veio
Conversei, e enguli palavras a palo seco
O amor
Esse tremendo ódio que se reveste de ti
nas paredes do meu coração
Como te negar
Se a cada suspiro te respiro como um ar puro que invade meu corpo
e purifica minha alma
Se a cada sonho, nele você se faz presente, um mosaico de situações
construídas e reconstruídas
Se a cada despertar, por mais que juro, é com você que quero primeiro encontrar
A cada engolir, sinto-te em gosto, cheiro e textura
A cada diálogo, vivo-te, torno-me mais sincera
Suspiro e sonho porque te espero
Acordo e almoço porque te sinto
Caminho e converso porque te busco
Mas nunca te encontro

quinta-feira, maio 05, 2005